Transtorno Disfórico Pré-Mentrual ( TDPM): quando o ciclo menstrual impacta profundamente a saúde mental
- Priscila Franco Perez
- 28 de mai.
- 3 min de leitura

O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é uma condição psiquiátrica séria, que afeta uma parcela significativa das mulheres em idade reprodutiva, mas que, ainda assim, permanece pouco conhecida — até mesmo entre quem convive com ela.
Muitas vezes, as mulheres aprendem a normalizar o sofrimento, acreditando que sentir-se emocionalmente instável, irritada, ansiosa ou profundamente triste antes da menstruação “faz parte” e que é preciso apenas “ter força” ou “aguentar”.
Este texto é um convite para quebrarmos esse ciclo de silêncio e naturalização.
O que é TDPM?
O TDPM é caracterizado por um conjunto de sintomas emocionais, comportamentais e físicos que surgem ciclicamente na fase lútea do ciclo menstrual — ou seja, nos dias que antecedem a menstruação — e que desaparecem logo após ela começar.
A grande diferença em relação à famosa Tensão Pré-Menstrual (TPM) está na intensidade e no impacto desses sintomas. No TDPM, eles são mais graves, incapacitantes e afetam significativamente a vida pessoal, social e profissional da mulher.
Sintomas mais comuns
Os sintomas do TDPM podem variar de mulher para mulher, mas frequentemente incluem:
Irritabilidade intensa, explosões de raiva ou conflitos interpessoais
Alterações marcantes de humor, sensação de estar “fora de controle”
Ansiedade, tensão e agitação
Tristeza profunda, desesperança ou até mesmo ideação suicida
Fadiga, cansaço excessivo e baixa energia
Alterações no apetite e no sono
O ponto central do diagnóstico não é a presença isolada desses sintomas, mas sim o padrão cíclico, que se repete mês após mês, e a intensidade suficiente para prejudicar a qualidade de vida.
O que causa o TDPM?
Ainda não existe uma causa única e bem estabelecida para o TDPM, mas sabe-se que ele está relacionado a uma sensibilidade exacerbada às oscilações hormonais naturais do ciclo menstrual — principalmente de estrogênio e progesterona — interagindo com fatores genéticos, psicológicos e ambientais.
É importante entender: não se trata de “fraqueza” ou “frescura”, mas sim de uma vulnerabilidade biológica, que pode e deve ser cuidada.
Diagnóstico: quando desconfiar?
O diagnóstico do TDPM é clínico, baseado na observação dos sintomas ao longo de pelo menos dois ciclos menstruais consecutivos.
Também é essencial descartar outras condições psiquiátricas que podem ter sintomas semelhantes, como depressão, transtornos de ansiedade ou transtorno bipolar.
Por isso, a avaliação especializada é tão importante.
Tratamento: há solução?
Sim, há! E o tratamento pode transformar a vida de quem sofre com TDPM.
As abordagens são múltiplas:
Medicamentos: antidepressivos e em alguns casos, também se utilizam anticoncepcionais hormonais ou estabilizadores de humor.
Psicoterapia: ajuda no manejo do estresse, na regulação emocional e na elaboração de estratégias de enfrentamento.
Mudanças no estilo de vida: alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, sono de qualidade e técnicas de relaxamento são fundamentais.
Cada caso é único, e o tratamento deve ser individualizado.
Por que é importante falar sobre isso?
Porque muitas mulheres seguem suas vidas sem saber que o que sentem tem nome e tratamento. Porque aprendemos culturalmente a normalizar o sofrimento relacionado ao ciclo menstrual. E porque há quem sofra sozinha, em silêncio, acreditando que é “um traço de personalidade” ou “falta de força”.
Já acompanhei diversas pacientes com TDPM, e é sempre marcante ouvir relatos parecidos com esse:
“Depois que comecei o tratamento, percebi que o problema não era o meu casamento ou minha personalidade… Era algo além, e hoje consigo lidar muito melhor.”
Essa é a força do diagnóstico: ele não rotula, mas liberta.
Quando buscar ajuda?
Se os sintomas pré-menstruais:
Prejudicam suas relações
Afetam seu desempenho profissional
Comprometem sua autoestima e qualidade de vida
… é hora de procurar um psiquiatra ( e também um ginecologista)
Existe acolhimento, tratamento e possibilidade de uma vida mais equilibrada e saudável.
Lembre-se: não existe uma resposta única nem soluções prontas — o tratamento é sempre individualizado ( assim como a resposta ao tratamento), pensado com cuidado para cada pessoa. Evite o auto-diagnóstico e, se identificar sinais importantes, procure um profissional qualificado. Cuidar da saúde mental é um gesto de responsabilidade e carinho consigo mesma